Rádio-Escola Para Todos

Escola Estadual Emiliano Perneta
Felipe Nascimento, Nilton Kleina,
Olivia Baldissera e Patricia Herman

A parceria entre o NCEP e a Escola Estadual Emiliano Perneta começou em maio de 2009, com um contato feito através de uma funcionária local, parente de uma integrante do Núcleo que percebeu a necessidade da escola. A escola se localiza no bairro Pilarzinho, em uma região menos favorecida de Curitiba. Como resultado, nasceu a “Rádio-Escola Para Todos”.

O projeto que foi desenvolvido fazia parte do Programa Mais Educação, no qual o Governo Federal, através do Ministério da Educação, dava suporte financeiro às escolas estaduais para que fossem oferecidas oficinas aos alunos no período de contraturno. O NCEP foi solicitado para disponibilizar oficineiros de rádio, que dariam aulas nas segundas e terças-feiras para alunos do ensino fundamental da escola.

O método de ensino foi baseado em apostilas sobre rádio-escola (uma delas elaborada por uma das coordenadoras do NCEP), no breve aprendizado universitário da equipe e nas experiências pessoais dos oficineiros. O conteúdo resumia-se em: história do rádio, linguagem radiofônica e gêneros e formatos do radio. O planejamento era de iniciar a oficina com o conteúdo teórico, para posteriormente ocorrer o aprendizado prático, com a criação de nove programas de rádio veiculados no intervalo entre as aulas e mais um especial de natal veiculado em uma confraternização de fim de ano.

O projeto passou por grandes dificuldades. Entre eles, o desafio pedagógico em ministrar oficinas a adolescentes entre 13 e 15 anos. Dos oficineiros, apenas um já havia trabalhado com crianças, sendo difícil aos demais se adaptarem ao ofício. O principal problema observado foi a constante indisciplina dos alunos em sala de aula. A presença da professora que coordenava a rádio-escola dava ao ambiente um aspecto mais sério e, consequentemente, mais disciplinado. Ela, entretanto, não comparecia a todos os encontros.

Embora fosse de grande ajuda, o auxílio das professoras do local às vezes também ia contra alguns aspectos que eram trabalhados pela equipe do NCEP. O contato mais dinâmico que se tentava estabelecer em sala de aula era dificultado pelos docentes, que preferiam métodos mais rígidos e disciplinares.

Houve também algumas dificuldades de compreensão dos docentes quanto ao papel dos oficineiros no projeto da rádio-escola. Esperava-se, por exemplo, que a rádio funcionasse como extensão às aulas, divulgando apenas conteúdos de cunho escolar como matemática e ciências. Desse modo, o projeto se distanciaria de nossa proposta inicial, que visava uma rádio-escola centrada essencialmente na estimulação de ações de cidadania.

Durante o ano letivo, ocorreram mudanças constantes no projeto, como a troca alunos, turmas e horários, além de paralisações temporárias que resultaram em problemas no andamento do projeto. A Prof.ª Dr.ª Kelly Prudêncio, vice-coordenadora do NCEP, visitou a escola para tratar sobre essas e outras questões com os coordenadores da escola. Dessa visita, ela relatou a percepção do distanciamento dos alunos com os coordenadores e professores, que não relacionavam a educação das crianças como fruto último de seu trabalho.

Apesar das dificuldades, o programa conseguiu apresentar bons resultados e acabou sendo uma experiência extremamente proveitosa para todos. Foi possível observar um grande interesse de alguns alunos pela oficina e o aprimoramento de algumas habilidades nos mesmos como a leitura e a produção de textos. Alguns alunos se destacavam por habilidades individuais que dificilmente eram desenvolvidas em sala de aula, como a facilidade em compor e cantar músicas do gênero hip-hop ou produzir textos opinativos.

Outro aspecto positivo foi a gradual aceitação dos alunos em produzir textos e sugerir pautas de interesse comunitário. Com o incentivo e acompanhamento dos oficineiros, foram produzidos e veiculados programas da rádio-escola com temas polêmicos como o abandono de animais nas ruas do bairro e a poluição sonora que havia dentro da escola. Junto a isso foram desenvolvidas algumas discussões sobre as demais oficinas ofertadas no local, como capoeira, grafitismo e judô. Para esses programas em especial, foram feitas entrevistas com os respectivos oficineiros, sendo as perguntas formuladas previamente pelos alunos.

Era possível observar que alguns alunos possuíam várias reivindicações em relação ao espaço e à comunidade, mas faltava a eles um espaço para se manifestarem e serem ouvidos.

Interessante também notar que alguns alunos, inicialmente indiferentes ao projeto, começavam a colaborar com a rádio à medida que seu interesse aumentava e o projeto de rádio-escola ia tomando forma. Nas últimas oficinas, principalmente, o grupo ficou relativamente consolidado, chegando ao ponto de haver repreensão aos que insistiam em não colaborar por parte dos próprios alunos interessados.

    • Felipe de Oliveira Nascimento
    • abril 19th, 2010

    ohmm… meus anjinhos na foto

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